29 de março de 2012

Um estorvo

Eu vivo do que de manhã respiro
E do que de noite bebo,
Porque amanheço louco
E do pouco me esqueço.

Eu vivo daquela que não me ama
E do filho que não pareço,
Porque a casa que em mim levanta
Não é minha quando anoiteço.

Eu vivo de tudo o que não tenho:
Da lua que cresce ao mar que não vejo...
Porque é da chuva a flor que desenho,
Porque é do vento a boca que eu beijo.